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sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Alberto Abadessa




O galo







O galo cantou
Chamou pelo Roberto, este se foi
O galo cantou
Chamou pelo João, este se foi
O galo pediu pelo amanhã e veio
Pediu penicilina no passado, veio
Pediu vacina para malária, não veio
Pergunto eu, galo, por que não vem vacina?
O galo cantou
Chamou o país tropical
Ele amanheceu doente
É a lei do mais fraco
Respondeu o galo
Galo, galo de minha alma
Por que não curas as doenças tropicais?
E o galo cantou
Quando ouvires o meu canto
Ao meio-dia, terás a cura do teu país
Porque ele já se educou, ele já amanheceu
Já viu que nada cai do céu
E tem que ir à luta, com arma, sem arma
Com pau, com a dor da raça
Sem a cor da raça, tem que lutar
E o galo cantou
A luz sumiu, veio a treva
Vejo o nosso país tropical
Na tela da vida
E nós continuamos os mesmos...
Alberto Abadessa

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma grande poesia de um grande escritor. Parabéns!