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sexta-feira, 16 de abril de 2010

CARIMBOLANDO - Marapanim - Pará

Recebemos o e-mail abaixo e a Confraria d'A Cova dos Poetas resolveu se engajar nessa iniciativa. Vamos votar nesse projeto, que um dos cinco finalistas do concurso Meu evento tem Acesso, uma iniciativa do Instituto Votorantim.

"A todos nossos Irmãos e Amigos ,


Vamos votar no Projeto Carimbolando de Marapanim que foi classificado entre os 5 projetos Votorantim na área da Cultura de nosso Estado ,motivo pelo qual suplicamos a nossos Irmãos e Amigos que votem no site http://www.blogacesso.com.br/ , Carimbolando Marapanim e vamos votar em nosso Carimbo .

Carimbó. Eis o nome de um cipó paraense e do ritmo cultural, exclusivo de Marapanim (PA), que mescla as culturas das etnias indígena, negra e branca, a partir da combinação de instrumentos como as maracás (indígena), o tambor (negra), os instrumentos de corda e a flauta (influência do branco português). Apesar de existir em outras regiões do Pará e também na Amazônia, o Carimbó feito em Marapanim é considerado de raiz, tocado com instrumentos artesanais feitos pelos próprios mestres do ritmo.


A fim de preservar a cultura existente há mais de 200 anos, foi criado o Carimbolando, encontro de grupos de Carimbó de Marapanim, que agora concorre ao prêmio do blog Acesso. Fazemos campanhas para que o Carimbó seja reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro há dois anos. Essa é uma cultura diferente e ainda pouco conhecida no Brasil, que merece uma maior visibilidade. Por isso, estamos empenhados em vencer o concurso, conta Edson Nonato Amoras de Melo, presidente do Carimbolando.

O evento, que ocorrerá nos dias 16 e 17 de julho, época de férias na região, espera receber 15 mil pessoas. Marapanim está entre as cidades que têm as mais belas praias paraenses e recebemos turistas do Estado do Pará e de outras regiões do Brasil, além de muitos estrangeiros curiosos por conhecer nossa cultura, diz Melo. Nos dois dias de festa, além do Carimbó, se apresentarão o Boi Bumbá, o Cordão de Pássaros, quadrilhas juninas e grupos de dança. O evento também prevê oficinas de confecção de instrumentos musicais, exposição de produtos feitos com o carimbo, biquínis, camisas e toalhas e um festival de comidas típicas regionais."

PS - Segundo o site do concurso, para votar, você precisará criar uma conta no Facebook. Mas não se assuste, porque o processo é simples. Acesse http://www.facebook.com/ e cadastre-se. Agora que já tem um perfil, busque a página do blog Acesso, torne-se fã da página e vote na seção Notas. Abaixo de cada evento, no espaço para comentários, você deve clicar em “Curtir”, “Like” ou “Gostar”. Dessa maneira seu voto será computado.

Produção cultural da Amazônia legal

Produção cultural da Amazônia legal terá R$ 13,8 milhões para financiamento
Edital amplia teto dos projetos para atender “custo amazônico” e prevê inscrição oral


Nove estados da região amazônica - Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins - receberão investimento de R$ 13,8 milhões do Ministério da Cultura (MinC), por meio do programa Mais Cultura. A ação visa promover a diversidade cultural da Amazônia Legal por meio do financiamento não reembolsável de projetos de artistas, grupos artísticos independentes e produtores culturais. As iniciativas deverão ter como beneficiários jovens entre 17 e 29 anos residentes em municípios da Amazônia Legal. O edital Microprojetos Mais Cultura para Amazônia Legal foi publicado na segunda-feira (12), no Diário Oficial da União. Essa é a segunda edição do Microprojetos Mais Cultura. A primeira, executada em 2009, contemplou 1.200 projetos da região do semiárido com valores entre um e 30 salários mínimos. Em 2010, o valor máximo dos projetos a serem apoioados será de 35 salários mínimos (cinco a mais que em 2009). O aumento do valor foi uma das principais deliberações da II Conferência Nacional de Cultura, realizada em março passado, em Brasília. Outra novidade é a possibilidade de inscrição oral de projetos. A medida visa facilitar e democratizar o acesso ao edital. Serão aceitas inscrições gravadas em meio digital ou fita cassete. Conforme a secretária de Articulação Institucional do MinC e coordenadora executiva do Mais Cultura, Silvana Meireles, esse é o primeiro edital da pasta para apoiar projetos culturais da Amazônia Legal. “Trata-se de uma região de grande riqueza cultural, mas historicamente sem acesso a financiamento para pequenas produções. Além disso, estamos incorporando o ‘custo amazônico’ nas ações do ministério e contribuindo para promover a cidadania de milhares de jovens da região amazônica”, destaca. A coordenadora aponta, ainda, a importância da ação para o desenvolvimento regional: “a cultura gera oportunidades, desenvolve a cidadania e a economia local”. O Microprojetos para Amazônia Legal será executado em parceria com a Fundação Nacional de Artes, Banco da Amazônia e governos estaduais da região amazônica.



Texto extraído de http://www2.brasil.gov.br/noticias/em_questao/pdf/eq1022.pdf

Veja aqui o Edital Microprojetos Mais Cultura para Amazônia Legal

terça-feira, 6 de abril de 2010


“O proletário é o sujeito explorado financeiramente pelo patrões e literariamente pelos poetas engajados”.

Palavra de Mário Quintana


Postado por Geneton Moraes Neto em 31 de março de 2010 às 14:31

E eis que emerge de meus Arquivos Implacáveis uma entrevista com um poeta solitário : Mário Quintana. Tinha humor e leveza. Grau de pretensão e empáfia : zero.

CINCO VERSOS DE MÁRIO QUINTANA (Alegrete, RS, 1906):

1. “Ai de mim/Ai de ti, ó velho mar profundo/Eu venho sempre à tona de todos os naufrágios”.

2. “A vida é um incêndio/nela dançamos, salamandras mágicas/Que importa restarem cinzas/se a chama foi bela e alta?/Em meio aos torós que desabam/cantemos a canção das chamas!/Cantemos a canção da vida/na própria luz consumida…”

3. “Um poema como um gole d’água bebido no escuro/Como um pobre animal palpitando ferido/Como pequenina moeda de prata perdida para sempre na floresta noturna/Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema/Triste/Solitário/Único/Ferido de mortal beleza”

4. “Da primeira vez em que me assassinaram/perdi um jeito de sorrir que eu tinha/Depois, de cada vez que me mataram, foram levando qualquer coisa minha…”

5. “Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada!/Ah! Desta mão, avaramente adunca,/Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada!”

E VINTE E TRÊS RESPOSTAS:

Qual deve ser o primeiro compromisso da agenda da vida de um poeta?

QUINTANA: “O primeiro compromisso deve ser: não parar de poetar. Não parar de viver intensamente”

O senhor diz que gosta de fazer projetos a longo prazo, para “desafiar o diabo”. Que último desafio o senhor lançou?

QUINTANA: “O último desafio foi uma viagem – gorada – a Paris. O próximo, já em execução, é aprender a falar inglês. Eu era apenas tradutor de francês da Editora Globo. Aprendi, sozinho, a língua inglesa numa gramática, para traduzir. Mas apenas lia o que estava escrito, sem saber a pronúncia. Agora, estou lidando com um curso de inglês da Inglaterra por meio de fitas cassete. O primeiro tradutor de Virginia Woolf no Brasil fui eu. A tradução foi bem recebida pela crítica”.

O escritor Erico Verissimo dizia que “Quintana é um anjo que se disfarçou de homem”. O senhor tem algum reparo a fazer à observação?

QUINTANA: “Tenho. Sempre desejei ser exatamente o contrário: uma espécie de diabo”

Qual a grande compensação que a poesia dá a quem a escreve?

QUINTANA: “Minha grande compensação é ter, às vezes, conseguido pegar a poesia nuínha em flor. Mas é difícil! (ri)”

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Veja a entrevista completa no Blog do Geneton

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sexta-feira, 2 de abril de 2010

JORGE LUIS BORGES - ANTOLOGIA PESSOAL



No livro Antologia Pessoal (Antología Personal), editado no Brasil em 2008 pela Companhia das Letras, Jorge Luis Borges reuniu os textos pelos quais gostaria de ser lembrado: "Quero ser julgado por ele, justificado ou reprovado por ele, não por determinados exercícios de excessiva e apócrifa cor local que andam pelas antologias e de que não consigo me lembrar sem corar.", diz o poeta no prólogo, datato de 16 de agosto de 1961.
O livro mistura verso e prosa do autor argentino, que nasceu em 1899 e faleceu em 1986, na Suiça, mundialmente conhecido pelos seus contos fantáticos.
Abaixo, dois poemas do autor de "O Aleph".


arte poética


Fitar o rio feito de tempo e água
e recordar que o tempo é outro rio,
saber que nos perdemos como o rio
E que os rostos passam como a água.

Sentir que a vigília é outro sonho
que sonha não sonhar e que a morte
que teme nossa carne é essa morte
de cada noite, que se chama sonho.

No dia ou no ano perceber um símbolo
dos dias de um homem e ainda de seus anos,
transformar o ultraje desses anos
em música, em rumor e em símbolo,

na morte ver o sonho, ver no ocaso
um triste ouro, tal é a poesia,
que é imortal e pobre. A poesia
retorna como a aurora e o ocaso.

Às vezes pelas tardes certo rosto
contempla-nos do fundo de um espelho;
a arte deve ser como esse espelho
que nos revela nosso próprio rosto.

Contam que Ulisses, farto de prodígios,
chorou de amor ao divisar sua Ítaca
verde e humilde. A arte é essa Ítaca
de verde eternidade, sem prodígios.

Também é como o rio interminável
que passa e fica e é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante, que é o mesmo
e é outro, como o rio interminável.

 
a um velho poeta
 
Caminhas pelos campos de Castela
e quase não o vês. Um intricado
versículo de João é teu cuidado
e mal percebes a luz amarela
 
do por do sol. A vaga luz delira
e nos confis do Leste se dilata
essa lua de escárnio e de escarlata
que talvez seja o espelho da Ira.
 
O olhar elevas e a contemplas. Uma
memória de algo que foi teu começa
e se dissipa. A pálida cabeça
 
curvas e segues caminhando triste,
sem recordar o verso que escreveste:
seu epitáfio a sangrenta lua