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sexta-feira, 17 de abril de 2009

De Poeta e Louco...

"Poesia e música melhoram a rotina no CAPS Renascer
Da RedaçãoAgência Pará

Terapia em grupo, caminhadas ao ar livre e oficinas de artesanato fazem parte da rotina dos 350 usuários do Centro de Atenção Psicossocial Renascer (CAPS Renascer), localizado no bairro do marco, em Belém. Uma nova modalidade de terapia tem agradado a quem necessita de atenção especial por ser portador de algum transtorno mental: a poesia e a música. Na manhã de toda segunda-feira, os usuários participam de oficinas de poesias, entrando em contato com a cultura literária. O projeto "De poeta e louco todo mundo tem um pouco" prevê um sarau a cada três meses e visitas a espaços culturais públicos, uma vez a cada mês.
Na quinta-feira (16) o CAPS Renascer realizou o I Sarau Cultural, que contou com o apoio de cantores regionais e poetas paraenses, como Juraci Siqueira e Wanilze Oliveira. Os músicos tornaram o clima festivo e os poetas declamaram poemas e falaram de suas vidas aos usuários, que também mostraram seus talentos, revelados nas oficinas de poesias semanais.¨


A Confraria d'A Cova dos Poetas congratula-se com as coordenadoras do projeto, a psicóloga da Secretaria de Saúde Pública (Sespa), Andrezza Carvalho, e a assistente social Luzia Matos, pela iniciativa e faz votos que ela sirva de modelo para outros centros semelhantes espalhados pelo Brasil e pelo mundo. A apresentação desse projeto no Congresso Norte e Nordeste de Psicologia terá uma boa repercussão. Com certeza!

E como é verdade absoluta que de poeta e louco todos nós temos um pouco, trago para leitura um célebre poema de William Blake, poeta inglês que viveu entre os anos de 1757 e 1827, considerado um louco pelos seus contemporâneos e que admitia essa loucura como o seu refúgio.



O Tigre

tigre, tigre, chama pura
nas brenhas da noite escura,
que olho ou mão imortal cria
tua terrível simetria?

de que abismo ou céu distante
vem tal fogo coruscante?
que asas ousa nesse jogo?
e que mão se atreve ao fogo?

que ombro & arte te armarão
fibra a fibra o coração?
e ao bater ele no que és,
que mão terrível? que pés?

e que martelo? que torno?
e o teu cérebro em que forno?
que bigorna? que tenaz
pro terror mortal que traz?

quando os astros lançam dardos
e seu choro os céus põem pardos,
vendo a obra ele sorri?
fez o anho e fez-te a ti?

tigre, tigre, chama pura
nas brenhas da noite escura,
que olho ou mão imortal cria
tua terrível simetria?

William Blake
Tradução de Vasco Graça Moura

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