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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Poetas, o Dia, 2010


Relembrando o sarau de 2010, Restaurante Portugália, poesia de Florbela Espanca:

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas,
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos.

Os dias são Outonos: choram...choram....
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos....

Invoco o nosso sonho... Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Florbela Espanca
Poema FUMO, extraído de uma publicação fac-similar do "Livro de Sóror Saudade", editado originalmente em 1923.


Imagem do manuscrito extraída de: http://www.sonetos.com.br/biografia.php?a=28

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