Estive lendo a Cronópios e de lá retirei estes poemas. São versos sobre a fé, a fé que transpassa o sentido da religiosidade rasa e se aprofunda em questões humanas, desejos reprimidos, amor carnal, dúvidas...
Leiam!
Fé
intróito
jaculatória
ladainha
secreta
súplica
encaixe...
Deus!
falamos mesmo do sacro
ou a fé não passa de uma metáfora?
Sons
sexta-feira
é dia de coral
eu nos sons que vêm da rua
mas a musicalidade
que sai de minha boca é sacra
e mistura-se ao hálito de homens
que se acreditam anjos
Anjos
à noite
cada um entra em sua cela
túmulo de gestos obscenos e ejaculações noturnas
cedo
junto ao ar morno do sexo reprimido que vaza pelas frestas
das portas
anjos saem soerguidos como os amantes de um quarto
de motel
e atravessam o longo e frio corredor com trajes negros
e femininos – cruz no peito
seguem na direção do confessionário
Ângelus
ao amanhecer
: ângelus
ao meio-dia
: ângelus
ao anoitecer
: ângelus
na madrugada
os corpos pedem o pecado
: Marias, Marias, Marias...
: Josés, Josés, Josés...
Animal
para fazer respeitar o celibato
há de se castrar a alma, não o falo
e se não há alma
não passaremos de animais selvagens
a gozar o mundo
como o mundo deve ser gozado...
livre de qualquer Deus
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Constâncio Negaro, 58 anos, natural do agreste, atualmente vivendo em São Paulo, admirador dos milagres de padre Cícero, saiu de sua terra, como muitos jovens para estudar em colégio religioso.
E-mail: constancio.negaro@gmail.com
Ver mais..... http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=4163
Um comentário:
obrigado pela divulgação e comentário: meu e-mail: negaro.constancio@gmail.com
abr
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