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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Natal, singelos propósitos

Neste Natal, guardarei em caixas bem fechadas o que me transmuta naquele que não sou: a inveja, o ciúme, a sede de vingança, e todos os ressentimentos que me corroem as vísceras. Lacradas as caixas, atirarei todas nas profundezas do mar do olvido.
Neste Natal, esvaziarei o escaninho de minhas torpes intenções; as gavetas de tantas vãs ilusões; os armários de compulsivas ambições. De pés descalços, trilharei a senda saudável de uma existência modesta, por vezes solitária, sempre solidária.
Não darei ouvidos ao crocitar dos corvos em minhas janelas, nem ficarei indiferente às aquarelas pinceladas pela dor alheia, e manterei vedada a chaminé à entrada consumista de Papai Noel.
Tecerei, com as agulhas do acalanto e os fios invisíveis do mistério, o tapete promissor dos sonhos que me fomentam o entusiasmo. Recolherei as bandeiras da altivez militante e, numa caneca de barro, derramarei singelos propósitos: refrear a língua de maldizer outrem; reconhecer as próprias fraquezas; exercer a difícil arte de perdoar. Sorverei de um só gole até inebriar-me de compaixão.
Armarei, na varanda de casa, uma árvore de Natal cujo tronco será da mesma madeira que os princípios que me norteiam os passos; os galhos, as sedutoras vias às quais ousei dizer não; as flores, a paz colhida ao enclausurar-me no silêncio interior; os frutos, essa esperança-lagarta que insiste em metamorfosear-se em utopia sobrevoando o pessimismo que me assalta.
Aos pés de minha árvore deixarei vazios os sapatos de minhas erráticas peregrinações ao mundo inconsútil dos apegos que me sonegam o que a vida melhor oferece: a experiência amorosa de transcendê-la. Ao lado, minha lista de pedidos: a leveza imponderável da meditação; o dom de respeitar o limite das palavras; a felicidade de saciar-me na brevidade dos meus dias.
Neste Natal, montarei no canto da sala o presépio de minhas inquietudes. No lugar de franciscanos animais, a Declaração Universal dos Direitos Humanos; como são José, um árabe fiel ao Alcorão; Maria, uma jovem judia semelhante a de Nazaré; Jesus, a criança africana carcomida pela fome.
Tragam os reis magos três oferendas: o ramo de oliveira preso ao bico da pomba que anunciou a Noé o fim do dilúvio; a brisa suave que soprou sobre Elias; o pão repartido na estalagem de Emaús.
Não celebrarei liturgias solenes em dissonância com o Glória cantado pelos anjos do presépio; não me fartarei em ceias pantagruélicas enquanto o Menino se abriga ao relento num cocho; nem darei presentes que me doem no bolso e no coração, embalados em falsos sentimentos.
Sim, me farei presente lá onde a família de sem-teto, escorraçada de Belém, ocupa um pedaço de terra nas cercanias da cidade para que do ventre de Maria brote a certeza de que a justiça haverá de brilhar como a estrela de Davi.
Neste Natal, serei todo orações, dançarei ao som das cítaras do reino de Salomão, sairei pelas ruas cantarolando salmos, despirei todos os adereços de neve e, neste país tropical, deixarei que o sol pouse em minha alma.
Colherei as lágrimas dos desesperados para regar meu jardim de girassóis, e arrancarei os impropérios da boca dos irados para revogar a lei do talião. Nos becos da cidade, celebrarei com os bêbados, os mendigos, as prostitutas, a quem tratarei por um único nome: Emanuel. E, num grande circo místico, buscarei com eles a resposta à pergunta que jamais se cala: "o que será que será que cantam os poetas mais delirantes e que não tem governo nem nunca terá?"
Neste Natal, rogo a Deus ressuscitar a criança escondida em algum recanto de minha memória, a que um dia fui, menino que sabia confiar e, desprovido do pudor do ócio, livre das agruras do tempo, era capaz de imprimir fantasias coloridas ao lado obscuro da vida.Quero um Natal de brindes à alegria de viver, hinos à gratidão da fé, odes à inefável magia da amizade. Natal cujo presépio seja o meu próprio coração, no qual o Menino Jesus desfaça laços e faça desabrochar todo o amor que se oculta nos sombrios porões do meu ego.

Frei Betto

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vinho

Vinho na mesa,
Garrafa no chão.
Espelho na parede,
Fotografia na mão.
Vinho na mesa é luxo de festa.
Suspiro de qualidade e igualdade.
É vinho no chão.
Fartura na mesa,
Garrafa na mão...
Dor favorecida,
Sentido de compaixão.
O espelho
A reflexão do sol da esperança
Espelha essa gente com o vinho na mão
A fotografia, uma imagem do cão
E o luxo da garrafa no chão.

Alberto Abadessa

Modos e Lições

(para Mayara)

Falo-te duro e tu choras.
Não o fiz por mal, meu amor!
Ao belo se antecede o rude,
À luz, a escuridão.

O rio segue livre seu curso
Em sinuosas curvas
E inesperadas direções...
(Eu sei! Foi Deus quem assim o quis)
E desemboca glorioso em sua foz.

Perdoa-me os modos.
Ele (sabe-se) é perfeito.
- Eu não!


Ney Cohen

Homenagem ao Luiz (Boi)

Caro Luiz,

Parte em paz, amigo de outrora
Pois quem sabe na próxima aurora
Com Deus estarás, posto que é hora
De atender o chamado, agora.

Enquanto isso aqui ficamos,
No afã do entendimento:
... se perdemos um amigo na terra
... se ganhamos, no céu, um guardião.

Pelo sim,
Pelo não,
Não entenderemos, naturalmente, a razão
Pois, quem nos abraça, nesta hora, é a triste separação.
José da Silva Barros

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

QUE FAZER SE CANCELAM TEU VÔO NO MEINHO DO ATLÂNTICO...



Por Geneton Moraes Neto


ATENÇÃO, SENHORES PASSAGEIROS. PANE NUMA TURBINA. O AVIÃO PODE CAIR NO OCEANO. O QUE O POETA FAZ NUMA HORA DESSAS ? UM POEMA !
É tiro e queda: navegações pelo Planeta Blog ( já, já, chegará o dia em que o número de blogueiros superará o de leitores) podem trazer recompensas inesperadas. O internauta se transforma num Pedro Álvares Cabral: sem esperar, pode dar com os costados num porto seguro.
Uma ressalva: por uma questão de justiça, deve ficar consignada na ata a constatação de que o lixo internético é imenso, enorme, paquidérmico. Fiz os cálculos: se pudessem ser armazenadas em sacos de lixo, as idiotices escritas por antas desocupadas - entre as quais, listam-se celebridades e subcelebridades de todos os calibres possíveis e imagináveis - seriam suficientes para encher quatro mil e oitocentos e cinquenta caminhões-caçamba por hora.
Mas há, como sempre, o reverso da moeda: com uma frequência maior do que se imagina, pepitas reluzem no Planeta Blog.
Um exemplo, entre centenas: o blog de Homero Fonseca, jornalista pernambucano, publica belos versos, escritos por um poeta dominicano sob circunstâncias dramáticas: o avião em que o poeta fazia uma viagem do Recife para Miami sofre uma pane sobre o Oceano. O que fazer numa situação dessas ?
Com a palavra, Homero Fonseca & o poeta que escapou mas que, ainda que morresse, teria sido salvo pela poesia (http://www3.interblogs.com.br/homerofonseca/):


"Rei Berroa, 59 anos, poeta dominicano, professor na George Mason University no estado da Virginia, EUA, regressava do Recife para Miami, após participar da Fliporto, domingo 9 de novembro, quando o avião em que viajava sofreu uma pane numa turbina e teve de retornar uma hora depois de estar sobrevoando o Atlântico. Foi uma hora de pânico, choro e reza entre os passageiros. O poeta, entretanto, resolveu escrever um poema sobre aquele momento extremo que estava vivendo. Foi uma atitude verdadeiramente poética. O poema me comoveu, como raramente me ocorre com a poesia contemporânea. Transcrevo-o a seguir, assim como a tradução que intentei, para a qual tive a colaboração em forma de mirada crítica de Eduardo César Maia, cabendo-me, entretanto, toda a responsabilidade pelo eventual resultado pífio.

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QUE FAZER SE CANCELAM TEU VÔO
NO MEINHO DO ATLÂNTICO E ESTÁS
NO AR A NOVE MIL METROS DA CRISTA DAS ONDAS


O primeiro deve ser que de nada serve
preocupar-te nessas circunstâncias.
De nada serve rezar
a deuses que estão sempre tão distantes
quando se trata de nossa frágil humanidade
cheia de incertezas e esperanças.


Que nunca te surpreenda o desalento
quando sintas que tua existência se encontra ameaçada.

Ao contrário, tens que mirar fixamente a branca
morte no umbigo, arrancar-lhe
seus sons pavorosos e ousadia osteoporósica.
Depois, sopra com força em suas narinas, até
que, resfolegante de raiva, ela se estilhace em mil pedaços
e te deixe tranqüilo nesse transe
quase último de tua enteléquia.

Agora tens apenas uma hora
para apagar o quanto antes a carranca da morte
e afirmar tua militância pela vida.

Logo tens que olhar ao redor e sorrir
aos que contigo abraçam esta hora
em que deslizas nesse vôo do destino
nas mãos do piloto que não notaste antes
e recordas todos esses anos
em que a vida foi tão generosa com teus anseios
e sabes que tens vivido como sempre quiseste
pois deste asas feitas de palavras aos teus desejos
e alimentaste os sonhos de outros em tua casa,
onde Ana e Olívia amanhã se queixarão
da desordem em que deixaste tua mesa
e de todos esses livros em projeto
que ninguém jamais escreverá,
nem mesmo teus irmãos, teus amigos, os alunos e colegas

inclusive os que em ti talvez
algo alguma vez puderam invejar
e por isso é normal que te acusassem
pois talvez tivessem medo da verdade
e viravam o rosto cada vez que algum entre vocês
denunciava falsidades
e celebrava os mais vulneráveis
ante a mesquinhez do prepotente que brande
sua insegurança sobre o futuro dos homens.

Lembra-te de que só se atiram pedras
na árvore que dá frutos.

Por isso, agora,
nesses preciosos três mil e seiscentos segundos
em que, apesar de ti, regressas ao porto de partida
e todas as lembranças te golpeiam
de repente na memória e o que vês
no outro lado da janela do avião não são
nada mais que brancos cúmulos, nuvens
feitas de consciência e alegrias prateadas,

agora mesmo, te dizias, só importa
que amanhã será outro dia e estarás
ou em pequenos pedaços na barriga
de alguns tubarões não fictícios do Atlântico
ou na internet descrevendo a teus amigos tua odisséia
um nove de novembro a nove mil
metros da crista das ondas
no vôo nove oitenta do Recife a Miami.

Se é verdade que esta é tua hora,
deves seguir escrevendo com lápis e papel
e que a morte te flagre entregue
à dona de todas tuas idades e atenções,
à tua amiga, amante e companheira,
tua senhora, a Poesia.
Rei Berroa

Estudo revela: felicidade é contagiosa

Por Maggie Fox
WASHINGTON (Reuters) - A felicidade é contagiosa, anunciaram pesquisadores. A mesma equipe que comprovou que obesidade e tabagismo se difundem em rede, demonstrou que quanto mais pessoas felizes você conhece, maior é a probabilidade de você mesmo ser feliz.
E ligar-se a pessoas felizes aumenta a felicidade da própria pessoa, segundo a equipe escreveu no British Medical Journal.
"Trata-se de um arrastão emocional", disse em entrevista por telefone Nicholas Christakis, professor de sociologia médica da Escola Médica de Harvard, em Boston, na quinta-feira.
Christakis e James Fowler, cientista político da Universidade da Califórnia, em San Diego, usaram os dados relativos a 4.700 filhos de voluntários do Estudo Cardiológico Framingham, um enorme estudo de saúde iniciado em Framingham, Massachusetts, em 1948.
Eles vêm analisando um tesouro de informações de folhas de acompanhamento que datam de 1971, rastreando nascimentos, casamentos, divórcios e mortes. Os voluntários também registraram informações de contato de seus amigos mais íntimos, colegas de trabalho e vizinhos.
Eles avaliaram a felicidade usando um teste simples de quatro perguntas.
"Perguntamos às pessoas quantas vezes na última semana: 1, elas curtiram a vida, 2, elas se sentiram felizes, 3, elas se sentiram esperançosas em relação ao futuro, e 4, sentiram que valem tanto quanto as outras pessoas", disse Fowler.
Sessenta por cento das pessoas que tiveram pontuação alta nas quatro perguntas foram avaliadas como felizes, e as outras foram classificadas como infelizes.
As pessoas que têm mais vínculos sociais -- amigos, cônjuges, vizinhos, parentes -- também são as mais felizes, mostraram os dados.
"Cada pessoa feliz a mais em sua vida torna você mais feliz", disse Christakis.
E a felicidade é mais contagiante que a infelicidade, constataram os pesquisadores.
"Se uma pessoa com que você tem contato social é feliz, isso aumenta em 15 por cento a probabilidade de você ser feliz", disse Fowler. "Um amigo de um amigo, ou amigo de um cônjuge ou irmão, que sejam felizes, aumentam suas chances em 10 por cento."
A equipe também está estudando a difusão da depressão, solidão e alcoolismo.
http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2008/12/05/ult26u27444.jhtm

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ANTÔNIO TAVERNARD

Burilando a internet em busca de algo que contasse um pouco da vida do poeta Antônio Tavernard, do qual os paraenses têm muito a comemorar neste ano do centenário de seu nascimento, encontrei o texto abaixo, de Enzo Carlo Barrocco, publicado no Recanto das Letras em 22/09/2005.


"O poeta, contista, cronista e romancista paraense Antônio Nazaré Frazão Tavernard (Vila São João de Pinheiro, atual Icoaraci 1908 – Belém 1936) caracterizou sua obra pelo sofrimento que a doença o causou parte de sua vida. Tanto a morte quanto os sentimentos melancólicos refletiam radicalmente em seus versos. Sua notoriedade foi conquistada graças a publicação de seus trabalhos em jornais de seu tempo. A poesia de Tavernard passeia por vários movimentos literários – do barroco ao modernismo, passando pelo romantismo e pelo simbolismo. Enfim, um poeta diverso que fez da Amazônia o seu escritório particular. Certa vez escreveu: “Amazônia proteiforme, medonha é um estúdio de assombro singular; nela sente-se, à noite, Deus a trabalhar”. Tavernard tem, ao todo, três livros, dois deles publicados após a sua morte. A narrativa de Antônio Tavernard foi comparada à do poeta, contista, romancista, dramaturgo e ensaísta fluminense Machado de Assis (1839 Rio de Janeiro 1908), ao que respondeu com toda a sua modéstia: “com uma diferença: menos talento e mais sofrimento”. Foi um dos redatores da revista “A Semana” que circulou em Belém na década de 1930. Faleceu vítima da hanseníase, incurável nos tempos de Tavernard. Fiquemos, portanto, com três raríssimas jóias produzidas pelo vasto universo da mente de Tavernard. "


SONHOS DE SOL

Nesta manhã tão clara é sacrilégio
o se pensar na morte. No entanto
é no que penso úmidos de pranto
os meus olhos cansados.


Sortilégio
luz pela cidade... As casas todas,
humildes e branquinhas
lembram gráceis e tímidas mocinhas
no dia de suas bodas.


Morrer assim numa manhã tão linda,
risonha, rosicler,
não é morrer... é adormecer ainda
na doce tepidez de um seio de mulher!

Não é morrer... é só fechar os olhos
para melhor sentir o cheiro do jasmim
escondido da renda nos refolhos!...
Ah! Quem me dera que eu morresse assim.


VISITA DE SANTO


Meu S. João,na noite do vosso dia,
com fogueiras brilhando de alegria,
com alegras cantando num rojão,
parai um pouco na melancolia
do meu portão!

Ponde aqui o cordeirinho!...
Sentai no banco a meu lado!...

Tanta estrela no céu, e eu tão sozinho!...
Na terra, tantos sons, e eu tão calado!...
Meu santo bom, por outra noite vossa,
igual a esta (que lembrá-la possa
durante a vida que viver eu vou!...),
mandei-vos, num balão, um sonho lindo
que foi subindo,
foi subindo,
foi subindo,
té que, muito no alto, se queimou...

Mal de muitos?... Eu sei...
Mas também sei
que nunca mais outro balão soltei.
Nunca mais, nunca mais
...........................................................................
Que brisa fria!...
Lá vem o sol como balão dourado!
Levantai-vos, partis?!... Muito obrigado!
DEUS vos pague no céu, meu S. João,
esta parada na melancoliado meu portão!...

ÚLTIMA CARTA
"Sobre o leito de morte do poeta, foi encontrado esse papel cheio de letras trêmulas e manchado de lágrimas".

Por que não me vens ver? Estou doente...
É possível que morra com o luar...
Anda, lá fora, um vento, tristemente,
as ilusões das rosas a esfolhar.
E, aqui dentro, na alcova penumbrada,
onde arquejo, sozinho, sem sequer
a invisível presença abençoada
de um pensamento meigo de mulher,
há o desconsolo imenso, a imensa dor
de alguém que vai morrer sem seu amor...

De quando em quando,
o coração, que sinto
cada vez mais cansado, se arrastando,
marcando o tempo, recontando as horas,
pergunta-me, num sopro quase extinto,
quando é que virás...
Volta depressa, sim?... Se te demoras,
já não me encontrarás...

Ouço, longe, a gemer de harpas eólias...
É de febre... Começo a delirar...

Desabrocham, no parque, as magnólias...
Vem surgindo o luar...
E, como a luz do luar que vem nascendo,
eu vou aos poucos, meu amor, morrendo...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

CURIOSIDADES LITERÁRIAS nº 03

Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade - Poemas de circunstância
Trata-se daqueles versos que o poeta escreve não sob o influxo de uma idéia lírico-amorosa, épica ou filosófica, mas tendo por motivação um fato trivial: o aniversário de um amigo, uma dedicatória, um acontecimento qualquer ao qual não se atribui grande eletricidade poética. Em certo sentido, o poema de circunstância é primo da crônica, em especial quando os dois se dedicam ao registro de pequenos fatos e se erguem, despretensiosos, com base em coisas desimportantes. Dois de nossos maiores nomes do modernismo, Manuel Bandeira (1886-1968) e Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), foram useiros e vezeiros dessas pequenas composições em verso. Bandeira chegou a escrever um livro somente com poemas desse naipe, o Mafuá do Malungo, de 1954. Substancial parcela dos textos desse volume tem títulos com o nome da pessoa homenageada. O autor os chamou de "jogos onomásticos". São mimos, saudações e louvações, enfim, variadas formas de celebrar a convivência e a amizade. Nesses jogos, com muita graça, ele incluiu até o próprio nome. Embora socialmente mais retraído, Drummond foi aplicado aluno de Bandeira nesse quesito. Também o poeta itabirano reuniu seus breves cantares de amigos nos volumes Viola de Bolso (1952) e Viola de Bolso Novamente Encordoada (1955). O poeta se diverte rimando para os amigos e, como era de seu feitio, também dedicando a si mesmo seu velho sorriso zombeteiro.(Carlos Machado em seu site http://www.algumapoesia.com.br/)

  • Bandeira

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

O sentimento do mundo
É amargo, ó meu poeta irmão!
Se eu me chamasse Raimundo!...
Não, não era solução.
Para dizer a verdade,
O nome que invejo a fundo
É Carlos Drummond de Andrade.


MANUEL BANDEIRA

Manuel Bandeira
(Sousa Bandeira.
O nome inteiro
Tinha Carneiro.)
Eu me interrogo:
— Manuel Bandeira,
Quanta besteira!
Olha uma cousa:
Por que não ousa
Assinar logo
Manuel de Souza?

  • Drummond

Signos

Ontem, hoje, amanhã: a vida inteira,
teu nome é para nós, Manuel, bandeira.

*****************

O mais puro cristal,
na luz, fez-se laurel
e cinge — prêmio ideal —
tua fronte, Manuel.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Frei Betto

Curta literatura curta

Indagaram de Gabriel García Márquez se invejava algum escritor vivo. Pergunta difícil, quase um xeque-mate. Porque nós, escritores, somos uma espécie de bípedes para os quais os pés importam pouco e as mãos muito, e entre nossas virtudes a humildade não se sobressai. Coisa mais rara é um literato elogiar outro que seja menos famoso do que ele.
Elogios aos mortos todos fazem. Sobretudo no dia do enterro. Ainda que seja pelo alívio de um concorrente a menos. Mormente em se tratando de um imortal que morreu, deixando vaga mais uma cadeira na Academia. Sei que dito assim pode parecer perverso. Ora, pior seria utilizar a literatura para maquiar nossos defeitos. Palavras não servem para adornar vaidades, e sim para exorcizar espíritos.
O autor de Cem Anos de Solidão respondeu afirmativamente, para surpresa de muitos. Invejava um escritor latino-americano, nascido em Honduras, naturalizado guatemalteco e exilado no México – Augusto Monterroso, falecido em fevereiro de 2003, aos 82 anos, e ainda desconhecido no Brasil.
Monterroso é autor do conto mais curto da história da literatura, “O Dinossauro”. Apenas sete palavras: “Quando despertou, o dinossauro ainda estava ali”.
Tal concisão não é fácil de ser encontrada. Mas também não é exceção. John Aubrey narra em Vidas Breves (1693): “Richard, conde de Dorset, enamorou-se da célebre cortesã, a senhora Venetia Stanley, casada com Sir Kenelm Digby. Uma vez ao ano convidava a ela e a seu marido e, naquela ocasião, a contemplava com muita paixão e desejo, permitindo-se tão-só beijar-lhe a mão, sempre em presença do senhor seu marido”.
Dostoievski redigiu, em Os Possessos (1872), um curtíssimo conto: “Pensei que algum dia me levarias a um lugar habitado por uma aranha do tamanho de um homem, e que passaríamos toda a vida olhando-a, aterrorizados”. Ainda me pergunto se esse texto do romancista russo não teria inspirado Kafka a transformar Gregório Samsa em uma monstruosa barata, em A Metamorfose.
Oscar Wilde conta em O Fantasma de Canterville (1891): “A velha madame de Tremouillac, após despertar cedo certa manhã, e ver um esqueleto sentado no sofá lendo seu diário, teve que ficar de cama durante seis semanas, com um ataque de febre cerebral. Ao recuperar-se, reconciliou-se com a Igreja e rompeu toda relação com este notório cético, o senhor Voltaire”.
Kafka também cunhou uma pequena obra-prima: “Uma gaiola saiu em busca de um pássaro” (1919, Reflexões sobre o Pecado, a Dor, a Esperança e o Verdadeiro Caminho). O peruano César Vallejo, autor de “Trialce”, um dos mais belos poemas latino-americanos, escreveu: “Saio à rua e há rua. Começo a pensar e há sempre pensamento. Isto é desesperador”. (1928, Contra o Segredo Profissional).
“As últimas palavras da mãe de Goethe a uma empregada que veio chamá-la para almoçar: ‘Diga-lhes que a senhora Goethe não pode ir, porque está muito ocupada em morrer’.” (1938, André Germain, Goethe e Bettina).
Em La Vida Imposible (2002), Eduardo Berti escreveu: “Segundo meu amigo L., Cristo viveu sete dias antes de Cristo, porque nasceu em 24 de dezembro, e o primeiro ano da era cristã só teve início no 1º de janeiro após o seu nascimento. Meu amigo, que é ateu, não crê em nenhum milagre de Jesus, exceto neste de ele haver vivido antes de si mesmo”.
Frei Betto é escritor, autor de Típicos Tipos - Perfis Literários (A Girafa), entre outros livros.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Fenômenos


estou quieto em meu canto
a domar no peito moinhos
quando me chegas num pranto
(redemoinhos, redemoinhos)

falas de acasos e deveres
desvelando com pudor teus ais
revelas a força de teus quereres
(vendavais, vendavais)

escuto em tua fala - segredo
o frenesi de dois corações
sou lançado ao alto - brinquedo
(furacões, furacões)

de repente me dou conta
sem ti o que mais valeria?
minha mente, sã, remonta
(calmaria, calmaria)


Ney Cohen

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Affonso Romano de Sant`anna - Duas crônicas e um poema


Os poetas não devem ser levados a sério


Enquanto escuto o último tiroteio na favela ao lado, recebo de Alberto Dines, que criou na Internet o vigilante "Observatório da Imprensa", um artigo publicado no "The Economist", de Londres, intitulado "Injustiça poética"; um artigo tão instigante que Daniel Piza o republicou na seção de cultura da "Gazeta Mercantil". Vejam só: "The Economist" e a "Gazeta", jornais voltados para a política econômica, falando de economia poética.
O autor anônimo daquele ensaio fala de um paradoxo: ao mesmo tempo em que, de um lado, parece haver um desprestígio editorial e mercadológico dos poetas, por outro lado, "Len Fulton, da Dustbooks, que publica a 'Small Press Review', recebe livros de 300 novas pequenas editoras e outras 300 novas revistas todos os meses. Muitas pequenas editoras não sobrevivem por muito tempo. Mas mais de 1.400 revistas e 800 pequenas editoras duram o tempo suficiente para chegar ao 'Catálogo de Editoras de Poesia' bienal de Fulton.".
Nota-se que quadruplicou o número de cursos de criação literária nos Estados Unidos. Hoje são 285 universidades com 11 mil estudantes nessa área, a metade dedicada à poesia. Há mais de 200 festivais de poesia de cowboys nos Estados Unidos e viraram moda, recentemente, uns torneios poéticos onde dois poetas se desafiam, em nove rounds, lendo um poema cada um, até o confronto de um poema improvisado no final. Quem ganha leva um cinturão de peso-pesado, como nas lutas de boxes. E as pessoas pagam até US$ 20 para assistir a esse pugilato poético.
Vejam que coincidência. E quando as coincidências começam a coincidir muito deixam de ser simples coincidência para serem sintomas. Isto tanto com os tiroteios quanto com a poesia. Nesses dias recebi de Alberto Carvalho - um intelectual finíssimo lá de Aracaju, que tem coleções de revistas raras como a "Senhor" e que adquire qualquer livro bom que surja em qualquer parte - recebi, repito, um CD intitulado "A voz, o poema", com obras de 35 poetas sergipanos. Sim, senhores, de Sergipe. E embora em matéria de Nordeste, como Chirac e Reagan, que trocam o presidente do Brasil pelos do México e da Bolívia, troquemos Aracaju por Maceió ou Natal, eu lhes garanto: a poesia está viva e muito bem, lá em Sergipe.
Estou no meu escritório, diante do crepúsculo. Já escutei o tiroteio das cinco e, antes que comece o tiroteio da sete na favela ao lado, deixo fluir verdades na boca da noite e começo a ouvir vozes desse CD de poesias que me veio de Sergipe. Uma diz: "Um louco colhe amoras amarelas na varanda do hospício antes que um guarda com boca de dragão descerre a cortina da noite".
Quantas mulheres neste disco! Que bom! Uma delas revela que, enquanto preparava a comida da família, "só tia Ester sabia pôr compressas na própria dor". E outra voz de homem acrescenta: "Quando o dia chegou, com suas aves peraltas na lapela, a cidade sorriu acanhada, dois poetas marrons assoaram o nariz". Mas o poema termina com essa frase irônica e problemática: "Os poetas não devem ser levados a sério".
Se não devem ser levados a sério, por que "The Economist" e a "Gazeta Mercantil" estão preocupados com a poesia? E se a poesia é dispensável, porque há milhares de anos milhões de pessoas a praticam, e agora ela chegou airosamente também à Internet?
Alguns de vocês já ouviram falar de Soares Feitosa. Com uma pertinácia rara, alheio às convenções dos grupinhos literários, ele está colocando na Internet não só a poesia de poetas vivos, mas todo Camões, Augusto dos Anjos e outros tantos, e está fazendo sozinho o que entidades governamentais e universidades não fazem.
No artigo do "The Economist", no entanto, faltou analisar isto: a invasão da Internet por parte dos poetas. Estão eles passando por cima das editoras e livrarias, unindo o que há de mais primitivo e tribal ao que há de mais avançado tecnologicamente.
Há um mistério com a poesia, vocês sabem. E quando havia no país não só menos tiroteio, mas menos cronistas e mais crônica, Rubem Braga fez uma intitulada "O mistério da poesia", tentando entender por que o verso do colombiano Aurélio Arturo, "Trabajar era bueno en el sur, cortar los arboles, hacer canoas de los troncos", não lhe saía da cabeça e de onde vinha a sua poesia.
Em 1962 - quando 99% de vocês não haviam nascido, publiquei, como estudante, meu primeiro livrinho, "O desemprego do poeta" - que tinha tudo a ver com o que se disse antes. Lá anotava uma frase de João Cabral, nos anos 40, que dizia que os poetas deveriam se utilizar da tecnologia da época: o rádio. Infelizmente ele não a utilizou. Depois veio a televisão. De minha parte, experimentei o rádio e a TV, sobretudo quando Dilea Frate e Alice Maria ousadamente me aliciaram para tal. Hoje o CD e a Internet são dois instrumentos que caíram nas mãos dos poetas. Acabo de receber uma antologia de poetas de Maui - uma daquelas ilhas perdidas no Pacífico - e, de Juiz de Fora, Iacyr Freitas promete-me um CD. De Brasília, chega-me uma nova e promissora revista dedicada à tradução de poetas estrangeiros e divulgação de brasileiros, "Gargula".
Entrementes, ouço formidáveis tiroteios na favela ao lado. Há uma semana que não nos deixam dormir e saímos à rua com a alma agachada, humilhados. Minha vizinha mostra-me a bala que caiu no seu quarto depois de varar a esquadria de alumínio e ricochetear pelas paredes fazendo buracos e quebrando quadros.
E do disco de poesia saí uma voz que diz: "Um dia adormeci cansado de tudo, quando acordei, Deus e o circo não estavam mais na minha cidade.".


Mas pode-se ensinar alguém a ser escritor?

A PUC de Belo Horizonte convidou sete escritores (Luiz Vilela, Sérgio Sant'Anna, Marina Colasanti, Antonio Cicero, Humberto Werneck, Miguel Sanchez Neto e a mim) para darmos uma "oficina de literatura" durante todo o ano de 2003. Os alunos podem optar e articular os módulos das "oficinas" de acordo com sua conveniência. Quando se fala numa iniciativa como essa, a primeira pergunta que surge é: "Mas pode-se ensinar alguém a ser escritor?". Resposta: "Pode-se ensinar uma série de técnicas, pode-se passar uma série de vivências, pode-se desenvolver o talento. Quanto ao mais, depende de cada um. Depende não só do talento inato, mas da perseverança e da neurose destrutiva ou construtiva de cada um".
No caso da poesia, a questão é ainda mais singular. Embora todos digam "minha vida daria um romance" pouquíssimos se lançam à aventura de escrever um romance. Mas baseadas no ditado - "de médico, poeta e louco todos nós temos um pouco" - as pessoas, num determinado momento, sobretudo na juventude, devem ter composto um poema qualquer. Nada contra quem faça seus poemas para uso familiar, publicitário ou para se expressar. Contudo, quanto a se assumir como poeta, são necessários alguns cuidados e providências. A primeira é não apenas começar a ler bons poetas, mas inteirar-se que existe um sistema literário, com regras e leis, as quais temos que conhecer, nem que seja para contestá-las. Assim, é imprescindível saber como funciona o sistema de produção (edição, divulgação, direitos, políticas literárias, agente literário, prêmios, etc.) e ler livros que, expondo a experiência de autores, mapeiem o processo de criação.
No caso da poesia, para começar, dois livros de Ezra Pound - "ABC da literatura" e "A arte da poesia". É autor didático e polêmico. Pode-se depois discordar dele em algumas coisas, como o fiz no ensaio "O que fazer de Ezra Pound?". Mas há que atravessá-lo primeiro. Leia também "Como fazer versos", de Maiakovski. Embora ele tivesse que dar satisfações políticas aos dirigentes da revolução comunista de 1917, há experiências pessoais interessantes. O compêndio "Vanguarda européia e modernismo brasileiros", organizado por Gilberto Mendonça Telles, é fundamental para que se tome conhecimento dos manifestos literários nos últimos cento e poucos anos. É imprescindível saber o que cada escola, época ou geração definia como sendo poesia. O ensaio de Edgar Allan Poe "Filosofia da composição" é importante para se ver como o autor explica racionalmente a elaboração de seu famoso poema "O corvo". Uma edição recente desse texto e do poema, com diversas traduções do mesmo, organizada por Ivo Barroso, retoma uma experiência que fizemos na revista "Poesia sempre". Ver como poetas traduzem diferentemente um poema, é uma aula de poesia.
Algumas leituras iniciáticas são ainda necessárias: de Octávio Paz - "O arco e a lira" e "Signos em rotação". O poeta mexicano reinstala a poesia na história da cultura. Ler "Homo Ludens", de Huizinga, especialmente os capítulos "O jogo e a poesia" e "A função da forma poética". Procure os ensaios de T. S. Eliot, poeta que soube articular a tradição e a inovação. Evidentemente que sempre se lerá "Cartas a um jovem poeta", de Rilke, mas as cartas de Mário de Andrade, em geral, sobretudo as escritas a Fernando Sabino, "Cartas a um jovem escritor", são importantes. E nunca esquecer do despretensioso "Itinerário de Pasárgada", onde Manuel Bandeira faz algumas revelações sobre seu métier de poeta. E se quer saber de certos recursos e segredos estilísticos de Drummond, Cabral e outros, leia "Esfinge clara e outros enigmas", onde Othon M. Garcia exibe o que é uma análise estilística e temática. Colocaria aí até o "Pequeno dicionário de arte poética", de Geir Campos, uma maneira leve de tomar contato com técnicas intemporais. Lembro-me sempre de Manuel Bandeira me indagando quando, adolescente o fui visitar, se já havia feito algum soneto na vida. Era uma maneira de saber se a pessoa estava inteirada da tradição e de certas questões de técnica do verso.
Diria que isto é uma pequeníssima cesta básica. Para começar. Não se deve confundir oficina literária com curso de teoria. Evidente que o aprendizado é interminável. Ainda agora estava relendo "The life of the poet", do ensaísta americano Lawrence Lipking, que desenvolve a tese que os poetas sempre retomam ou contestam o projeto de outros poetas, num processo edipiano de negação e auto-afirmação. Goethe rejeita Virgílio, Whitman rejeita Goethe e Virgílio, Mallarmé reverencia Poe, etc. A história da poesia é um tocante e tenso diálogo entre poetas de épocas diversas, além de um mágico diálogo com o público. Por isto é necessário assenhorar-se do que já foi feito.
E nisto há um mistério. Mistério que Rubem Braga muito bem surpreendeu na crônica "O mistério da poesia". Dizia que não sabia porque tinham ficado na sua cabeça os versos de um poeta, que ele julgava ser boliviano, mas, na verdade, era o colombiano Aurélio Arturo . Volta e meia, quando estava aborrecido ou viajando, surgia esse murmúrio dentro dele: "Trabajar era bueno en el Sur. Cortar los árboles, hacer canoas de los troncos". E ele pôs-se a indagar qual o mistério dessas palavras tão simples que o alimentavam. Experimentou invertê-las, mudar o tempo verbal, tirar uma, botar outra, mas nenhuma forma lhe pareceu tão tocante quanto essa. E anotou: "Talvez o que impressione seja mesmo isso: essa faculdade de dar um sentido solene e alto às palavras de todo dia".
E terminando ele a sua crônica e eu a minha, uso as palavras do cronista-poeta, que me dispensam de certos comentários: "Fala-se muito em mistério poético; e não faltam poetas modernos que procurem esse mistério enunciando coisas obscuras, o que dá margem a muito equívoco e muita bobagem. Se na verdade existe muita poesia e muita carga de emoção em certos versos sem um sentido claro, isso não quer dizer que, turvando um pouco as águas, elas fiquem mais profundas.".


Assombros


Às vezes, pequenos grandes terremotos
ocorrem do lado esquerdo do meu peito.
Fora, não se dão conta os desatentos.
Entre a aorta e a omoplata rolam
alquebrados sentimentos.
Entre as vértebras e as costelas
há vários esmagamentos.
Os mais íntimos
já me viram remexendo escombros.
Em mim há algo imóvel e soterrado
em permanente assombro.


Mais Affonso Romano de Sant`anna

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Poesia em Tela


A exposição Poesia em Tela inicia na segunda-feira, dia 3, no Auditório do Prédio dos Mercedários, situado na Rua Gaspar Viana, 125, Comércio, e encerra dia 7, quando ocorre, no mesmo lugar, o recital de poesias Poeta Enluarado, do Poeta Rui do Carmo.
Programação imperdível!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

CURIOSIDADES LITERÁRIAS nº 02


Augusto dos Anjos

Há uma história estarrecedora — embora não comprovada — em torno do soneto "A Árvore da Serra". Conta-se que Augusto dos Anjos teria se apaixonado por uma jovem retirante, filha de um vaqueiro. Isso era simplesmente intolerável para a família de Augusto, dona de engenho de açúcar. A mãe dele teria mandado dar uma surra na moça, que estava grávida (do poeta?), e então abortou e morreu. Alguns especialistas na obra de Augusto dos Anjos interpretam o soneto "A Árvore da Serra" não como uma cena ecológica, mas como a transposição, em versos, dessa história tenebrosa. Dizem que o amargor e o pessimismo de Augusto vêm daí. Conta-se também que o pai, no episódio, teria ficado ao lado de Augusto, mas era dominado pela mãe. Para esses especialistas, isso também explicaria por que o poeta escreveu vários textos citando o pai e nunca falou sobre a mãe. Então, a árvore cortada seria a amada do poeta. E o próprio Augusto é que se teria abraçado àquele tronco "e nunca mais se levantou da terra". Consta também que, embora não haja registro histórico, o caso era de amplo conhecimento na região. (História retirada de dois artigos que estão no site do Jornal de Poesia, citado por Carlos Machado em seu site http://www.algumapoesia.com.br/)

A ÁRVORE DA SERRA

— As árvores, meu filho, não têm alma!
E esta árvore me serve de empecilho...
É preciso cortá-la, pois, meu filho,
Para que eu tenha uma velhice calma!

— Meu pai, por que sua ira não se acalma?!
Não vê que em tudo existe o mesmo brilho?!
Deus pôs almas nos cedros... no junquilho...
Esta árvore, meu pai, possui minh'alma! ...

— Disse — e ajoelhou-se, numa rogativa:
"Não mate a árvore, pai, para que eu viva!"
E quando a árvore, olhando a pátria serra,

Caiu aos golpes do machado bronco,
O moço triste se abraçou com o tronco
E nunca mais se levantou da terra!

VENCEDOR

Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E à rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração — estranho carniceiro!

Não podes?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pôde domar o prisioneiro.

Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,

Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem...
E não pôde domá-lo enfim ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho "Pau d'Arco", em Paraíba do Norte, a 20 de abril de 1884, e morreu em Leopoldina (Minas Gerais) a 12 de novembro de 1914. Em 1907, bacharelou-se em Letras, na Faculdade do Recife, e, três anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde exerceu durante algum tempo o magistério. Do Rio, transferiu-se para Leopoldina, por ter sido nomeado para o cargo de diretor de um grupo escolar. Morreu nessa cidade, com pouco mais de trinta anos. Apesar da sua juventude, os padecimentos físicos tinham-lhe gravado no semblante profundos traços de senilidade. Augusto dos Anjos publicou quase toda a sua obra poética no livro "Eu", que saiu em 1912. O livro foi depois enriquecido com outras poesias esparsas do autor e tem sido publicado em diversas edições, com o título Eu e Outros Poemas. Se bem que nos tivesse deixado apenas este único trabalho, o poeta merece um lugar na tribuna de honra da poesia brasileira, não só pela profundidade filosófica que transpira dos seus pensamentos, como pela fantasia de suas divagações pelo mundo científico. São versos que transportam a dor humana ao reino dos fenômenos sobrenaturais. Suas composições são testemunhos de uma primorosa originalidade.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Poesia no Hotel Ver-o-Peso

Encontro de poesia e arte no Hotel Ver-o-Peso

Hoje é quinta-feira e todas as quintas acontece o encontro de poesia, patrocinado pelo Movimento Literário Extremo Norte, no Hotel Ver-o-Peso.
A Confraria d'A Cova dos Poetas se faz presente nesses encontros desde quando eles aconteciam no Espaço Cultural Xibé com Arte, passando pelo Kasulo Bar e, mais recentemente, na Livraria Jinkings.
É um momento de relaxamento, quando os deuses das dominações cotidianas se distraem e as ninfas se põem a alegrar e a inspirar corações poetas e até não poetas, mas que se exultam naquela atmosfera de confraternização, paz e harmonia.
O encontro é aberto a qualquer pessoa e livre para todos aqueles que queiram apresentar sua poesia ou outra manifestação artística: música, dança, contação de histórias, etc.
O Hotel Ver-o-Peso fica na Av. Castilho França, 208, em frente ao nosso cartão postal de mesmo nome e os saraus das quintas começam por volta das 7 horas da noite.
Vão lá conferir!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Antônio Juraci Siqueira


"Dia 28 estarei completando 60 voltas em torno do sol. É tempo de prestar contas do que me foi dado plantar e colher no roçado da existência".

Com estas palavras, acabo de receber o convite para a comemoração do aniversário do nosso queridíssimo Poeta.
O Jura está no restrito rol das unanimidades literárias do nosso estado.
O fez por merecer.
Pelo muito de cultura que já plantou, sob sol e chuva, há muito que o que produz deixou de ser apenas um roçado para se tornar uma imensa lavoura que sacia a fome de todos aqueles que buscam sonho, alegria e conhecimento.
Faço votos para que dessa colheita, que já é farta, não só para o Juraci, mas para todos nós, leitores, continuemos desfrutando junto a esse lendário trovador amazônico, ainda por muitos e muitos anos.
Parabéns Poeta!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Feliz Regina declamando...

O confrade Tito, atento à impossibilidade de encontrar os poemas da Claire Regina Feliz no site do Gilberto Dimenstein, colou em seu comentário os poemas.
Escutem!

Feliz Regina

A funcionária da Receita Federal, Claire Feliz Regina, além de ser uma especialista no IRPF e estar na ativa, agora , aos 80 anos resolveu escrever um livro sobre poesias.
No dia 1º de outubro ela foi entrevistada pela rádio CBN por Gilberto Dimenstein e Herodoto Barbeiro e na Rádio Bandeirantes pelo Jornalista Milton Parron.
Abaixo a matéria da Folha (1/10/2008 )

GILBERTO DIMENSTEIN
Feliz Regina
Ao completar 79 anos, ela se propôs a escrever um livro sobre relacionamentos; em vez de prosa, saíram versos

QUEM VISSE aquela senhora de 80 anos declamando, olhar malicioso, versos sensuais, num teatro lotado de jovens, não imaginaria sua história de vida. Nos últimos 50 anos, a auditora fiscal Claire Feliz Regina trabalha na Receita Federal, onde se especializou em imposto de pessoa física. Não pensava em se aposentar até o ano passado, quando, por acaso, descobriu uma nova paixão. "Minha vida será agora dedicada à poesia."
Ao completar 79 anos, ela se propôs a escrever um livro com dicas sobre como melhorar o relacionamento familiar e amoroso. Mas, em vez de prosa, saíram versos -e, com eles, vieram a vontade da aposentadoria, para iniciar uma experiência.

Como nasceu numa família pobre, Claire teve de trabalhar desde menina em Campo Grande (MS), vendendo mercadorias de porta em porta. Mudou-se para São Paulo e, em 1958, entrou como escriturária na Receita Federal. Aos 37 anos, começou a estudar economia, aos 50 foi promovida a auditora fiscal e se especializou em Imposto de Renda de pessoa física, convidada a dar aulas e palestras. Sua trajetória seguia a previsibilidade burocrática, como se seguisse um formulário.
Teve medo de romper a rotina -e desse medo nasceu sua primeira e, por muito tempo, única poesia. Depois de ficar viúva, Claire recebeu insistentes galanteios noturnos de um homem mais novo. "Não soube lidar com a diferença de idade." Para acabar com a aquela relação que lhe parecia impossível, escreveu uma poesia.
Somente no ano passado, depois de mais de 20 anos daquele rompimento, Claire voltou a escrever -talvez rememorando os galanteios perdidos, um toque de erotismo insinuou-se em seus textos.

Esse prazer literário era quase clandestino até a semana passada. Se já era um aprendizado para Claire declamar em público -tinha até vergonha que lessem suas anotações-, foi obrigada a enfrentar um teatro lotado de jovens. E, ainda por cima, convidada a declamar seus versos sensuais.
Foi uma aparição inesperada.
Claire assistia a um recital da atriz Elisa Lucinda, com quem tem aulas de declamação, num teatro em São Paulo. A atriz chamou-a para o palco. Claire estava visivelmente constrangida, insegura -até porque havia algumas crianças na platéia, que deveriam vê-la como uma avó.
Pediu, então, que as crianças tapassem os ouvidos. A feição da avó ganhou sobras de malícia e olhares irônicos misturados a seus versos.
Saboreou a imagem da platéia que aplaudia de pé. "A essência do bem viver é procurar sempre fazer as coisas com prazer."

Comemora-se hoje o Dia da Terceira Idade o que, para ela, não significa lamentações e reclamações de dores, mas novos projetos. Daqui a dois meses, sairá o seu primeiro livro, intitulado "Meu Jeito de Falar".

E por falar em Rui...


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Rui do Carmo


O poeta Rui do Carmo, que agora em outubro nos presenteou com "Trincheiras", seu terceiro livro de poemas, nos conta que esteve por aqui, anonimamente, visitando o Blog da Confraria. Magoado (ou malblogado), lembra-nos que já é, desde 2007, quando lançamos juntos o livro de contos No além todos não morrem, confrade honorário e que, por isso, já merecia ter um poema seu publicado no Blog, assim como os demais confrades já o têm.
O autor do conto "O homem minhoca" nos deixa embevecidos com esse singelo protesto, visto tratar-se de personalidade de forte reconhecimento no meio literário paraense e amazônico.
Aproveitamos, então, e publicamos um dos seus poemas que, recentemente, vagueava no espaço cibernético da internet.
E como diria nosso confrade-mor: TOMA-TE!


UM PONTO

Necessito de um ponto
Que não seja comum,
Um ponto que não seja final,
Que não agregue e faça mal.
Um ponto que exploda,
Saia do sossego eterno.
Expandindo-se indefinidamente
Sem deixar buracos negros.
Um ponto inicial
Fora do convencional,
Para me rir dos filósofos
E dos caras de pau.
Ah!Ahhhhhhhhh!


Rui do Carmo

Tito Marcus


A Confraria d'A Cova dos Poetas conta com um confrade muito especial, Tito Marcus. Grande incentivador do movimento literário, ainda não se motivou a incluir seus trabalhos em uma das coletâneas do grupo. Mas já temos um poema seu, rabiscado num guardanapo no dia em que a Confraria comemorava sete anos, em maio de 2007. Aguardem que em breve esse poema estará publicado aqui!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Brasileiro Murilo Antônio Carvalho ganha prêmio de literatura em Portugal

LISBOA - O escritor brasileiro Murilo Antônio Carvalho, autor do romance "O rastro do jaguar", foi proclamado ganhador da primeira edição do Prêmio Leya, anunciou nesta terça-feira o presidente do júri, o poeta Manuel Alegra.
O Prêmio Leya, no valor de 100 mil euros, foi criado pela editora de mesmo nome com o objetivo de "apoiar os autores que escrevem em português e contribuir para sua maior difusão na área geográfica dos países lusófonos e em todo o mundo", segundo o regulamento.
O prêmio foi entregue por um júri internacional, do qual participaram o escritor angolano Pepetela, o reitor da Universidade Politécnica de Maputo, Lourenço do Rosario; o escritor e jornalista brasileiro Carlos Heitor Cony, e Rita Chaves, crítica literária e professora da Universidade de São Paulo.
O júri examinou 422 candidaturas de autores de diferentes países.
O livro vencedor vai ser publicado pelo grupo Leya em todos os países lusófonos já em Janeiro de 2009.
Amanhã, na Feira do Livro de Frankfurt, terá lugar a festa de celebração do prémio, apesar de o autor, apanhado de surpresa enquanto grava um documentário na Amazónia, não vai poder estar presente.
Apesar de não ser conhecido em Portugal, Murilo António de Carvalho, de 60 anos, já tem alguns livros publicados no Brasil e, além de ser jornalista, é realizador de televisão. Tem-se dedicado ultimamente à realização de documentários ambientais e é o repórter responsável pelo programa Siga Bem Caminhoneiro, transmitido pelo canal brasileiro SBT há 16 anos.

(Fonte: O Globo e sol.sapo.pt)

Cabelos na Cara

Alberto Abadessa avisa que está prestes a sair do forno da Editora Paka-Tatu seu 4º livro, o romance Cabelos na Cara.
É o terceiro romance do escritor de O Amanhã de Todos Nós e Labirintos da Memória. O outro livro publicado é de contos: Rua de Contos - O Fantático do inconsciente.
Alberto é um aficcionado pelas histórias fantásticas e vale muito a pena ler seus trabalhos.
O lançamento está previsto para acontecer em dezembro. Não percam!

José da Silva Barros


Lâmina cega


Eram os deuses astronautas?
São os deuses tecnocratas?
Quem sabe de mim sou eu.
Quem sabe de mim sou eu.
O mundo implode,
Tudo nele sacode,
Destruindo o que é seu,
Destruindo o que é meu.
O coração se agita,
No peito saltita,
Dizendo que não morreu.
Mas você recorre,
Comigo “concorre”,
Levando o que é meu.
Eu quero mais garantia,
Eu quero a mais-valia,
Devolva o que não é seu.
Só temos um jeito:
Vamos ter mais respeito,
Pelo o que é seu e meu.

José da Silva Barros

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

João Bosco





Chuva


Não mais o tempo
.....mas o tempo
......de te ouvir, no teto
...................no vidro
...................nos pés
......de te ver, pelo vidro
.................pela neblina
......de te sentir, roupa molhada
....................pele colada
Não mais o tempo
.....mas o temporal
.........a balançar
.........a buscar
...........fechar os olhos
...........doída saudade
...........Ah, que vontade
Não mais o tempo
.....mas a maldade
...........instante final
...........lágrima teimosa
.........O que importa?
...........Te amo, afinal
...........Igual a chuva
................és poesia
.................e prosa.


João Bosco

Ney Cohen



Raimundo





Vira mundo
Vagabundo


Vara mundo
Farimbundo
Ver-te imundo
Vil raimundo

Vai pro fundo
Vai profundo
(Para o amigo Carlinhos)
Ney Cohen

Alberto Abadessa




O galo







O galo cantou
Chamou pelo Roberto, este se foi
O galo cantou
Chamou pelo João, este se foi
O galo pediu pelo amanhã e veio
Pediu penicilina no passado, veio
Pediu vacina para malária, não veio
Pergunto eu, galo, por que não vem vacina?
O galo cantou
Chamou o país tropical
Ele amanheceu doente
É a lei do mais fraco
Respondeu o galo
Galo, galo de minha alma
Por que não curas as doenças tropicais?
E o galo cantou
Quando ouvires o meu canto
Ao meio-dia, terás a cura do teu país
Porque ele já se educou, ele já amanheceu
Já viu que nada cai do céu
E tem que ir à luta, com arma, sem arma
Com pau, com a dor da raça
Sem a cor da raça, tem que lutar
E o galo cantou
A luz sumiu, veio a treva
Vejo o nosso país tropical
Na tela da vida
E nós continuamos os mesmos...
Alberto Abadessa

CURIOSIDADES LITERÁRIAS nº 01


Jovens que destruíram casa de escritor são 'condenados' a aula de poesia


Dezenas de adolescentes invadiram propriedade que foi de Robert Frost.Professor vai usar poemas do autor para mostrar o erro que eles cometeram.
Você pode chamar de justiça poética: mais de 20 jovens que invadiram uma casa que pertenceu ao poeta Robert Frost e destruíram o lugar durante uma festa foram obrigados a freqüentar aulas para aprender algo sobre o trabalho do escritor.
Usando poemas de Frost, o professor Jay Parini pretende mostrar aos vândalos o erro que eles cometeram, revelando o poder redentor da poesia.
Em uma das aulas, o professor leu um poema de Frost que falava sobre escolher entre dois caminhos. "É nesse ponto que Frost é relevante. Essa é a ironia da história toda. Você chega em um caminho em uma floresta que lhe dá duas alternativas. 'Devo ir para a festa e beber até cair'?", explica ele.
(g1.globo.com/Noticias/)

A estrada não trilhada

Num bosque, em pleno outono, a estrada bifurcou-se,
mas, sendo um só, só um caminho eu tomaria.
Assim, por longo tempo eu ali me detive,
e um deles observei até um longe declive
no qual, dobrando, desaparecia...

Porém tomei o outro, igualmente viável,
e tendo mesmo um atrativo especial,
pois mais ramos possuía e talvez mais capim,
embora, quanto a isso, o caminhar, no fim,
os tivesse marcado por igual.

E ambos, nessa manhã, jaziam recobertos
de folhas que nenhum pisar enegrecera.
O primeiro deixei, oh, para um outro dia!
E, intuindo que um caminho outro caminho gera,
duvidei se algum dia eu voltaria.

Isto eu hei de contar mais tarde, num suspiro,
nalgum tempo ou lugar desta jornada extensa:
a estrada divergiu naquele bosque – e eu
segui pela que mais ínvia me pareceu,
e foi o que fez toda a diferença.
(NE) ínvia = impenetrável
Um pássaro menor

Quis, de fato, que o pássaro voasse
E próximo ao meu lar não mais cantasse.

Cheguei à porta para afugentá-lo,
Por sentir-me incapaz de suportá-lo.

Penso que a inteira culpa fosse minha,
E não do pássaro ou da voz que tinha.

O erro estava, decerto, na aflição
De querer silenciar uma canção.
(Tradução de Renato Suttana)

Robert Lee Frost nasceu em São Francisco, Califórnia, em 26 de março de 1874.
Foi um dos mais importantes poetas dos Estados Unidos do século XX: recebeu quatro prêmios Pulitzer.
Com a morte do pai em 1885, mudou-se com a família para a Nova Inglaterra, região à qual Frost e sua poesia seriam permanentemente associados no futuro.
Em 1890, publicou seu primeiro poema e começou a dar aulas e realizar pequenos serviços em fazendas e moinhos.
A vida que levava nesse período moldou sua personalidade poética: foi um dos poetas norte-americanos que melhor combinou em seus versos o popular e o moderno, o local e o universal.


quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Confraria - Um breve histórico


A Confraria d’A Cova dos Poetas é uma organização lítero-cultural criada para dar vazão à produção literária e cultural dos talentos artísticos do Pará. Foi idealizada por Alberto Abadessa, José da Silva Barros, Ney Cohen e João Bosco (foto ao lado)
Em 25 de maio de 2000, deu-se início a essa produção com o lançamento do livro de poesias “A Cova dos Poetas”, livro artesanal, com tiragem de 150 exemplares (posteriormente ampliada em mais 200), que reuniu 13 escritores, em sua maioria, neófitos na arte impressa. Voltamos à baila novamente em 29 de maio de 2001, desta vez com o lançamento do segundo livro de poesias, “Romance de Poesias”, reunindo 9 poetas, numa edição de 500 exemplares editados pela Gráfica do Colégio Salesiano do Trabalho.
Em novembro de 2004, após termos o projeto selecionado pela Lei Tó Teixeira, através da Fumbel, conseguimos o apoio da Câmara Municipal de Belém para o lançamento do livro de contos e crônicas “Vôo Noturno... Além de todos os vôos”, tendo o lançamento sido realizado em grande evento no Memorial dos Povos.
O quarto livro, intitulado “No Além Todos Não Morrem”, também habilitado pela Prefeitura Municipal de Belém, através da Lei Tó Teixeira, com patrocínio da Extrafarma e apoio cultural do Sindicato dos Analistas Tributários da Receita Federal do Brasil – Sindireceita e da Doceria Abelhuda.
Histórias fantásticas, fantasmagóricas, de assombramento e de deslumbramento, que formam um emaranhado de teias pegajosas, que nos levam à perplexidade, não por suas visões cruéis ou aterrorizantes, mas por nos jogar em terrenos movediços de nossas lembranças, com fantasmas de nosso passado, a nos assombrar; por nos fazer percorrer becos escuros da nossa existência; dos medos da nossa infância; das angústias vividas em nossos relacionamentos amorosos; das frustrações do nosso dia-a-dia. Essas histórias estão no livro No Além, Todos não Morrem, lançado no dia 06 de dezembro de 2007, no Theatro Espaço Gasômetro, Parque da Residência, pela Editora Paka-Tatu. Alberto Abadessa, Antônio Juraci Siqueira, João Bosco, Ney Cohen e Rui do Carmo, são os autores dessas histórias fantásticas.