Abaixo, transcrevo a introdução da entrevista feita pelo jornalista Luciano Trigo, na coluna Máquina de Escrever, do G1, com o escritor Sérgio Rodrigues, autor do livro "Elza, a garota", que mesmo antes do lançamento oficial (nesta quinta-feira, dia 26, no Rio de janeiro) já se tornou alvo de discussões acaloradas sobre ações políticas imprudentes (condenáveis), tanto da esquerda, quanto da direita no Brasil.
Um cadáver incômodo
Sérgio Rodrigues resgata a história de Elza, a garota executada pelo PCB após o fracasso da Intentona ComunistaElvira Cupelo Colônio, codinome Elza Fernandes, tinha 16 anos quando foi presa, em janeiro de 1936, com seu companheiro, o dirigente do PCB Antonio Maciel Bonfim, o “Miranda”, na onda repressora que o Governo Vargas desencadeou após o fracasso da Intentona Comunista. Libertada poucos dias depois, foi barbaramente assassinada: estrangulada, teve seu corpo mutilado e enterrado no quintal de uma casa no subúrbio do Rio. Cumpria-se assim a sentença do “tribunal vermelho” formado para julgá-la por uma suposta delação. Os poucos historiadores que abordaram o episódio garantem que a ordem para a execução partiu de Luis Carlos Prestes, o Cavaleiro da Esperança, num bilhete escrito de próprio punho. Por ironia da História, poucos anos mais tarde a companheira de prestes, Olga Benário, seria vítima de outro crime hediondo, este bem mais conhecido e divulgado. Ao decidir desenterrar o cadáver de Elvira em seu novo livro, Elza, a Garota (Nova Fronteira, 240 pgs.R$29,90) o jornalista e escritor Sérgio Rodrigues sabia que estava mexendo num vespeiro - e que correria o risco de desagradar boa parte da esquerda. Misturando ficção e pesquisa histórica, Sérgio escreveu uma obra que vai muito além da denúncia política. Mesmo assim, uma mensagem fica clara para os leitores: a estupidez ignora ideologias.
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