DA ANTOLOGIA GREGA
(Automédon e Rufino)
AUTOMÉDON
Louvo a bailarina da Ásia que com seus gestos lascivos
suavemente ondula desde a ponta dos dedos.
Não a louvo porque exprima todas as paixões movendo,
assim com tanta graça, os braços graciosos,
mas porque sabe dançar à volta de uma vara exânime,
sem que a ponham em fuga as rugas da velhice.
Excita, abraça, beija: com sua língua e suas pernas,
faz qualquer vara erguer-se, nem que seja do Hades.
Livro V, epigrama 129
RUFINO
Três beldades me escolheram para julgar-lhes as nádegas
a mim mostradas no esplendor da nudez.
As de uma, florescendo em alvuras veludosas, estavam
marcadas ambas por covinhas graciosas;
a nívea carne das de outra, a de pernas abertas, tinha
rubor mais forte que a púrpura da rosa;
as da terceira, calmaria sulcada de ondas mudas,
palpitavam suaves ao seu próprio impulso.
Se o juiz das deusas, Paris, tivesse visto estas nádegas,
Não quereria saber de mais nenhuma.
Livro V, epigrama 35
DA PRIAPÉIA
(Priapéia é o nome dado ao conjunto de poemas sobre Priapo, deus grego da fertilidade, filho de Dionísio e Afrodite. Era sempre representado com o falo ereto.)
VI
Ameaça de Priapo a uma jovem
Conquanto Priapo de madeira eu seja,
madeira a foice, como vês, o pênis,
vou te agarrar e segurar bem firme
e todo em ti, por longo que ele seja,
mais tenso do que a corda de uma cítara,
até suas costelas vou cravá-lo.
XVIII
A vantagem do pênis de Priapo
Leva a maior das vantagens o meu pênis:
para mim mulher alguma é larga.
LA FONTAINE
EPIGRAMA
Amar, foder: uma união
De prazeres que não separo.
A volúpia e os desejos são
O que a alma possui de mais raro.
Caralho, cona e corações
Juntam-se em doces efusões
Que os crentes censuram, os loucos.
Reflete nisto, oh minha amada:
Amar sem foder é bem pouco,
Foder sem amar não é nada.
ARENTINO
VIGÉSIMA QUARTA DÚVIDA
Hortência quis dar gosto ao seu amante
E o lugar mais mimoso do seu corpo
Franqueou-lhe, mas o fez prometer antes
Que do seu grande nabo só um pouco
Ali poria. E eis que ele, não obstante
A promessa, no furor do gozo,
Põe-lhe tudo no rabo. Utrum Hortência
Poderá acusa-lo de violência?
APOLLINAIRE
A VASELINA
Praça da Ópera: por uma farmácia adentro
Entra um senhor bem-posto feito um pé de vento:
“Estou com pressa”, diz. “Eu quero vaselina.”
Gentil, o boticário indaga do cliente
Impaciente
A que uso se destina
O graxo ingrediente:
“Se for para o rosto, é melhor levar da fina...
Qual?
Que tal
Este artigo
Que o senhor, sem perigo,
Pode no rosto usar?
Eu por mim recomendo sempre a boricada.”
E o cliente a bufar: “Mas que papagaiada!
Pouco me importa qual, pois é para enrabar!”
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